Seiko
calibres 61xx e 70xx
por
Adriano
Ramos Passarelli
Setembro/2004
Os calibres automáticos 61xx e 70xx
são os calibres mais
populares da Seiko. São de uma época quando a Seiko
produziu massivamente movimentos mecânicos, com uma variedade
enorme de modelos, com inúmeras combinações de
caixas e mostradores. São muito conhecidos também por
terem equipado a famosa coleção "Seiko 5", que foi
exportada para o mundo inteiro. São calibres robustos,
reconhecidos pela sua durabilidade e resistência à
"castigos"
diários. Existem inúmeras
histórias de relógios equipados com essas máquinas
e que ainda funcionam perfeitamente após 30 anos, sem qualquer
tipo de cuidado ou revisão.
A
linha de calibres 61xx
A linha 61xx é uma linha projetada e fabricada pela Suwa
Seikosha. É uma linha que possui um grande número de
variantes, para equipar
desde os modelos mais simples até os modelos "high-end" como os
cronógrafos e o
Grand Seiko 61GS. A variante mais conhecida é o calibre 6119.
É muito conhecido por ter equipado as coleções
básicas, como os famosos "Seiko 5",
que tiveram uma produção muito numerosa, e foram
exportados para todo o mundo. O 6119 também é conhecido e
reconhecido pela sua robustez e precisão. Essas não
são características apenas do 6119, mas sim de toda a
linha 61xx, que tem como base o calibre 6106.
A principal
característica da linha, em
termos de projeto,
é a adoção de um balanço de grande
diâmetro, e principalmente, do sistema modular do
automático. Todo o sistema de carregamento automático
é
separado em um módulo, muito fácil de ser desmontado, o
que resulta numa enorme praticidade na hora da revisão.
Some-se a isso o sistema patenteadoMagic-lever,
que produz um
carregamento extremamente eficiente, dispensando a corda auxiliar
pela coroa.
A linha 61xx
surgiu em 1967 com o calibre 6106, que é o movimento-base para
toda a linha. É uma linha predominada
por
automáticos, à exceção de três
variantes, o 6100
(61A), 6102 e 6110, que são a corda manual. Esta é uma
informação curiosa e pouco conhecida.
Grande parte da
linha 61xx foi aposentada entre 1974 e 1975. Permaneceram o calibre
6105, equipando os famosos Seiko Divers
150m até 1977, e os
cronógrafos 6138 e 6139 até 1979.
Calibre 6119C
Foto por Sergio Lorenzon
A linha 61xx é composta pelos seguintes
calibres:
Calibre |
Observações |
Tipo /
Carregamento |
Nº
de rubis |
Calendário |
Freqüência
(em vibrações por hora) |
Versões
(Revisões) |
Ano |
|
|
|
|
|
|
|
|
6106 |
Hack |
Automático |
17, 23, 25 |
dia e data |
21.600 vph |
A, B, C |
1967 (A)
/ 1968 (B) / 1969 (C) |
|
|
|
|
|
|
|
|
6100 (61) |
- |
Corda
manual |
21 |
N/D |
21.600
vph |
A |
1968 |
6102 |
- |
Corda
manual |
21 |
data |
21.600
vph |
A |
1968 |
6105 |
Hack
na versão B |
Automático |
17 |
data |
21.600
vph |
A, B |
1968 |
6109 |
- |
Automático |
17 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
- |
6110 |
- |
Corda
manual |
21 |
N/D |
21.600
vph |
A |
1971 |
6117 |
GMT |
Automático |
17 |
data |
21.600
vph |
A, B |
1968 |
6119 |
- |
Automático |
21 |
dia e data |
21.600
vph |
A, B, C |
1967 (A)
/ 1968 (B) / 1969 (C) |
6138 |
Cronógrafo (60s,
30min, 12h) |
Automático |
21, 23 |
dia e data |
21.600
vph |
A, B |
1970 |
6139 |
Cronógrafo (60s,
30min) |
Automático |
17, 21 |
dia e data |
21.600
vph |
A, B |
1969 |
6145 /
6146 |
Hi-Beat (GS) |
Automático |
25 |
data /
dia e data |
36.000 vph |
A |
1967 |
6155 /
6156 |
Hi-Beat (GS) |
Automático |
25 |
data /
dia e data |
36.000
vph |
A |
1971 /
1970 |
6159 |
Prospex Diver |
Automático |
25 |
data |
36.000
vph |
A, B |
1967 (A)
/ 1975 (B) |
6185 /
6186 |
Hi-Beat (GS) |
Automático |
25 |
N/D / dia
e data |
36.000
vph |
A, B |
1969 /
1972 |
O 6106 foi um
calibre criado com experiências
anteriores,
reunindo sistemas patenteados, como o Diashock, Diafix, e Diaflex, e
que resultou num calibre moderno, confiável, preciso, e
especialmente SIMPLES, o que o torna muito robusto. De certo modo, todo
o "know-how" da empresa foi aplicado para a
produção do 6106.
O calibre 6106
tem diferenças no
número de rubis de revisão para revisão. A
revisão "A", o "pai" de todos, possui 25 rubis, graças
ao uso de
Diafix para todas as rodas. A revisão "B" possui versões
de 17 e de 25
rubis. E a revisão "C" possui versões de 17, 23 e 25
rubis.
O 6119 é um derivado do 6106, mas
ligeiramente simplificado em prol do custo mais baixo (como o
número menor de rubis e a retirada do hack),
podendo assim, equipar um maior número de modelos mais
básicos. Mas são praticamente idênticos.
Tanto o 6106
quanto o 6119 foram lançados em
3 revisões, A, B e C. Em ambos, a primeira versão, a "A",
possui o rotor fixado por dois parafusos. Na revisão "B", o
rotor passou a ser fixado por um único parafuso central. Na
revisão "C", passaram a ter calendário bilingüe e o
ajuste do dia (da semana) passou a ser também pressionando a
coroa. Nas revisões "A" e "B", o calendário era só
em uma língua, e somente a data (dia do mês) podia ser
ajustada
pressionando a coroa, enquanto o ajuste do dia era feito no "vai e
vem" dos ponteiros. Aliás,
esse ajuste do calendário era
uma função muito cômoda,
presente em quase toda a linha 61xx. Também era uma
solução mais
simples, do ponto de vista técnico, em comparação
ao ajuste rápido
feito girando a coroa.
O 6119 é
mais conhecido e ganhou maior fama
do que o 6106 por
ter sido produzido numa
quantidade maior, e principalmente por ter equipado modelos mais
básicos, ao contrário do 6106 que era mais destinado aos
modelos de luxo, como os Seiko 5 DX e Seiko 5 ACTUS. O balanço
de grande diâmetro confere uma boa
estabilidade de marcha. O 6119 é um calibre fácil de ser
ajustado e
regulado para uma boa precisão. O uso do Diafix na roda de
escape contribui também na
precisão. A
simplicidade
do calibre como um todo o torna um
dos movimentos mais
fáceis de se fazer manutenção. Os relojoeiros
costumam elogiar muito esse calibre, em vários
aspectos, como a facilidade de se trabalhar, a facilidade para ajustar
e regular para uma boa precisão, e a sua robustez.
A linha 61xx
conta também com variantes dotados de
complicações, como a função GMT no calibre
6117, que equipa os modelos "World Time" e "Navigator Timer", e os
famosos
cronógrafos com roda de colunas 6139 e 6138, que são
considerados, sem dúvida nenhuma, calibres "high-end". O 6139 foi
lançado em 1969, e, apesar de não ter sido o primeiro
cronógrado automático a ser apresentado na
história, foi o primeiro a estar nas lojas, disponível
para o público, em Maio de 1969. Por isso alguns mencionam a
Seiko e o seu 6139
na história da corrida pelo primeiro cronógrafo
automático. Além disso, o 6139 apresentou um novo sistema
de acoplamento desenvolvido e patenteado pela própria Seiko.
Não
fosse o bastante, a linha 61xx conta com seus mais nobres integrantes
equipando a coleção Grand Seiko. A qualidade do projeto
dessa linha permitiu a criação do
excelente calibre 6145 (25 rubis, data, Hi-Beat 36.000 vph) e
derivados, todos Hi-Beat,
para equiparem o Grand Seiko 61GS, que é considerado um dos
melhores Grand Seiko já feitos (perdendo apenas para o 45GS),
tendo versões com
três níveis de certificação. O certificado
"GS Standard", menos rigoroso (calibres 6145 e 6146), o "GS Special",
mais rigoroso (calibres 6155 e 6156) e o "top", conhecido como "GS
V.F.A."
(Very Fine Adjustment). Estes
últimos,
equipados com calibre 6185 e 6186, eram produzidos e ajustados pelos
engenheiros mais qualificados da empresa, e somente com peças
selecionadas através de um processo rigoroso. Eram garantidos
para uma marcha média de +60 s/mês.
A
Linha 70xx
Em 1969, a Seiko, através da Daini Seikosha, apresentou o
calibre 7005, que trazia um novo projeto no sistema de carregamento
automático. Seu intuito
era fazer uma máquina com arranjo mais racionalizado, tornando o
funcionamento mais estável, e facilitando a desmontagem e
montagem. Como resultado, o número de peças, parafusos e
molas foi reduzido, diminuindo também o número de focos
de
possíveis falhas. Para tal resultado, o sistema do
automático foi o que sofreu maiores alterações,
trazendo um conceito novo. Uma menor espessura também foi
conseguida com o novo arranjo do sistema do automático.
Como comparação, o 6119
possui 5.15 mm de altura, enquanto o 7005 possui 4.50 mm, menos que o
ETA 2824 que possui 4.60 mm (5.05 mm
para o 2836).
Do calibre-base
7005, derivam
os bastante conhecidos
7006, 7002, 7009, o crono 7016 e o moderno 7S26. Outra
característica importante da linha 70xx foi a
redução no tamanho do balanço.
A linha
70xx
é em geral mais simples que a
linha 61xx, não possuindo algumas sofisticações
como
o hack e o ajuste
rápido do calendário pressionando a coroa. Além de
menos sofisticada, a linha 70xx conta com um número
menor de variantes. Isso se deu principalmente por causa da chegada da
"era
quartz". A Seiko,
pioneira nessa tecnologia, desviou seus esforços para essa
promissora tecnologia. Por isso a linha 70xx
não teve a
oportunidade de receber variações mais complicadas, e nem
de equipar a coleção Grand Seiko, que foi abandonada
durante a década de 70, pelo mesmo motivo citado acima. Os
variantes mais notáveis foram os cronógrafos.
Calibre 7S26A
Foto por Sergio Lorenzon
A linha 70xx
é composta pelos seguintes
calibres:
Calibre |
Observações |
Tipo /
Carregamento |
Nº
de rubis |
Calendário |
Freqüência
(em vibrações por hora) |
Versões
(Revisões) |
Ano |
|
|
|
|
|
|
|
|
7005 |
- |
Automático |
17 |
data |
21.600 vph |
A |
1969 |
|
|
|
|
|
|
|
|
7002 |
- |
Automático |
17 |
data |
21.600
vph |
A |
+/- 1980 |
7006 |
- |
Automático |
17, 19, 21 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
1970 |
7009 |
- |
Automático |
17 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
+/- 1980 |
7015 |
Cronógrafo (sem
acumulador) |
Automático |
21 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
1971 |
7016 |
Cronógrafo (60s, 30min,
12h) |
Automático |
17 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
1971 |
7017 |
Cronógrafo (sem
acumulador) |
Automático |
21 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
1971 |
7018 |
Cronógrafo (60s, 30min) |
Automático |
23 |
dia e data |
21.600
vph |
A, B |
1971 |
7019 |
- |
Automático |
21 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
1974 |
7025 |
- |
Automático |
17 |
data |
21.600
vph |
A |
1976 |
7039 |
- |
Automático |
21 |
dia e data |
21.600
vph |
A |
1976 |
|
|
|
|
|
|
|
|
7S26* |
- |
Automático |
21 |
dia
e data |
21.600
vph |
A |
1995 |
7S25 |
- |
Automático |
21 |
data |
21.600
vph |
A |
- |
7S36 |
- |
Automático |
23 |
dia
e data |
21.600
vph |
A |
- |
7S35 |
- |
Automático |
23 |
data |
21.600
vph |
A |
- |
7S55 |
Igual
ao 7S35, com rotor decorado |
Automático |
23 |
data |
21.600
vph |
A |
2001 |
A maior parte
dos derivados era destinada a equipar
as
coleções básicas, como o "Seiko 5", o que
também faz dos calibres 7005, 7006 e 7009 muito conhecidos.
O calibre base
da linha 70xx é o 7005. Apesar
de lançado em 1969, o 7005 só foi fabricado em maior
quantidade por volta de 1971. A linha 70xx é totalmente composta
por automáticos, que passaram por algumas
atualizações.
Pode-se dividir essa linha em 3
gerações (datas
aproximadas):
- Primeira geração
(69
a 71): 7005 e 7006.
- Segunda geração (71
a
78): geração aprimorada, com os calibres 7019 e 7025, e os
cronógrafos 7015, 7016, 7017 e 7018, considerados calibres "high-end".
- Terceira geração
(78
a 95): 7002 e 7009, um pouco
simplificados com relação à geração
anterior.
A segunda
geração foi incrementada com
a
adição do calendário bilingüe e o ajuste
rápido do dia da semana pressionando a coroa. Essas
inovações surgiram no calibre 7019. O 7019 é um
calibre ligeiramente mais sofisticado na linha 70xx, equipando as
coleções "Seiko 5 Actus" e "Seiko 5 Advan".
O ajuste do
calendário pressionando a coroa
foi abandonado na terceira geração. Surgiram o 7009 (17 rubis, dia
e data) e o 7002
(17 rubis, data). Não traziam praticamente nenhuma grande
novidade. Tanto os 7002 e
7009, como o 7S26, possuem 4.90 mm
de altura.
*Em 1995 surgiu
o 7S26 (21 rubis, dia e data). A
maior novidade
do 7S26 era o maior número de rubis. Pode-se dizer que é
a quarta geração da linha 70xx, apesar de não
carregar o mesmo prefixo "70".
Seiko Military 7S26
Na área das complicações, a
linha 70xx trazia
apenas cronógrafos. O
sistema de acoplamento do cronógrafo por embreagem vertical
fôra mantido, mas todo o sistema de acionamento do
cronógrafo era diferente do 6139, de modo que dispensava
qualquer tipo de ajuste
ou regulagem. Os cronógrafos da linha 70xx comprovaram a
capacidade que ambas as fábricas (Suwa e Daini) tinham de
projetar tal complicação, inclusive com cada uma
apresentando uma solução diferente.
Comparações
entre as linhas 61xx e 70xx.
A diferença mais significativa entre a linha
70xx e 61xx está na construção do sistema do
automático.
Para simplificar
a linha 70xx, reduzir o
número de peças, e
conseguir uma menor espessura, era necessário "espalhar" o
sistema do automático, em vez de "empilhá-lo" como sempre
foi. Isso
forçou o
abandono da construção modular.
No sistema
tradicional da linha 61xx, o rotor possui
um pequeno pino
excêntrico onde é acoplada a Magic-lever, que se engata
à roda de transmissão, funcionando como uma catraca,
para que o carregamento bidirecional seja convertido num giro
unidirecional, para ser transmitido para a corda. Um pinhão na
roda de transmissão se conecta ao rachet parafusado na
árvore do tambor. Então geometricamente, a roda de
transmissão e a Magic-lever
ficam num "andar" acima do rachet,
e a platina do
automático no "segundo andar", e o rotor no terceiro, tudo
"empilhado".
Vista
explodida do calibre
6106
Vista esquemática inferior do sistema do automático
O sistema simplificado adotado no 7005
economizou um "andar",
eliminando a
platina do automático, de modo que a Magic-lever não era
mais conectada diretamente ao rotor, mas sim, numa roda de
redução paralela (primeira roda de redução)
que tem um eixo excêntrico. Ou
seja, o rotor gira a primeira roda de redução, na qual a Magic-lever é acoplada, que por
sua vez se conecta à segunda roda de redução que
através de um pinhão transmite o movimento para o rachet.
Desse modo, primeira e segunda rodas de redução e Magic-lever ficam no primeiro andar
acima do rachet, tendo
apenas o rotor acima deles. O rotor e seu rolamento formam uma
peça só.
Vista
esquemática da platina superior do calibre 7S26
Vista
esquemática inferior do sistema do automático da linha
70xx
Esquema explodido, calibre 7005
Apesar do benefício da altura reduzida, essa
nova construção do automático
trouxe um inconveniente. Aparentemente o uso da primeira roda de
redução
"rouba" um pouco da eficiência do sistema. Somou-se a isso o
uso de um rotor menor em alguns modelos, provavelmente para reduzir o
conhecido desgaste do
rolamento do rotor, que pode apresentar folga com o tempo, caso
não seja submetido às revisões regulares. Esses
dois fatores
fazem com que o carregamento na linha 70xx seja um tanto menos
eficiente que o dos Seiko 61xx e outros que utilizam o mesmo sistema.
Mesmo nos variantes que usam um
rotor de "meia-lua", o carregamento ainda é menos eficiente do
que na
linha 61xx.
Calibre 7S26A
Foto por Sergio Lorenzon
Ainda assim, o uso do sistema Magic-lever é
capaz de um carregamento mais eficiente do que o conhecido sistema
"Eterna" suiço.
A
construção não modular tem
mais um inconveniente, que faz com que tudo esteja ligado à
platina superior, necessitando sua desmontagem para que se retire a
roda de transmissão, que é presa através de um
"C-ring", um pequeno anel em
forma de "C", por baixo da platina.
Além
disso, esse sistema requer um ajuste
especial no momento da montagem. A roda de
redução tem uma marcação que tem que
coincidir com outra marcação no rotor, pois o eixo
excêntrico (como todo eixo
excêntrico) onde vai montado a Magic-lever
tem um movimento mais
curto numa determinada posição, e o movimento se torna
gradativamente mais amplo conforme o eixo gira, até atingir um
ponto máximo. A partir daí, a amplitude desse movimento
vai gradativamente diminuindo até um ponto mínimo e esse
ciclo se repete. Esse ajuste serve para
evitar que se monte de
modo que essa
posição em que o movimento é mais curto coincida
com a posição em que o relógio é mais usado
(no pulso esquerdo, em pé ou sentado). Se fôr montado
errado, a eficiência pode ficar bem reduzida. Na linha 61xx, o eixo era no rotor, e
assim ele
já era
fabricado na posição ideal, dispensando ajuste.
Outros aspectos
técnicos diferenciam a linha
70xx da 61xx, como o diâmetro do balanço
reduzido e o sistema de ajuste do calendário. Em toda linha
70xx, o balanço possui diâmetro menor, que, teoricamente
é menos estável, e confere maior dificuldade de ajuste
para
uma
boa precisão. O parte do calendário apresenta uma ou
outra diferença de
um calibre para outro da linha 70xx, mas em sua maioria, não
possui ajuste do
calendário pressionando a coroa, que é um sistema mais
simples e mais cômodo (presentes em praticamante toda linha 61xx).
A linha 70xx
foi projetada com o intuito de ser uma segunda opção de
movimento para o segmento principal da Seiko, e também para
posteriormente, substituir a linha 61xx. Com o surgimento dos
quartz, a linha mecânica da Seiko ficou claramente em segundo
plano.
Praticamente só sobraram os 70xx na década de 80,
já que a linha "high-end", como os Grand Seiko, fora deixada de
lado algum tempo antes.
Em 1976 a Seiko
lançou a linha de
calibres 63xx. Também projetada pela Suwa Seikosha, era uma
espécie de modernização da linha
61xx, mantendo a antiga,
porém prática, eficiente e confiável
costrução modular do sistema do automático.
Manteve também o balanço de grande diâmetro e sua
estabilidade característica. Uma curiosidade da linha 63xx era o
indicador de fases da lua no calibre 6347.
A maior
diferença na linha 63xx, comparada com
a 61xx, era a parte do sistema do calendário, que passou a
adotar ajuste girando a
coroa, ao invés de pressionando-a, e também passou a
adotar mais peças de
plástico, como a roda do calendário. A linha
também apresentou um novo sistema de fixação da
espiral no regulador, prometendo maior facilidade na
manutenção. No
mais, são calibres praticamente idênticos, mantendo
propositalmente a
mesma qualidade e confiabilidade da linha 61xx. Os próprios
catálogos técnicos dos 63xx fazem menção
à esse detalhe.
Metade das peças, ou mais, são intercambiáveis com
a linha 61xx. Mas a
linha 63xx acabou sendo pouco desenvolvida e pouco usada. Apenas o
calibre 6309 permaneceu por mais tempo, equipando o Seiko Divers 150m
desde 1976
até 1988, já que nas coleções tradicionais
a Seiko
preferiu manter a linha 70xx, por praticamente toda década de 80
e 90, com apenas dois calibres, o 7009 e 7002.
Hoje, na
linha
mecânica normal da Seiko,
só há o
7S26 e variantes (7S25, 7S35 e 7S36, e 7S55). Porém há
vários calibres mecânicos "high-end" equipando os Grand
Seiko, e a linha Credor e Brightz.
Seiko Military 7S26, fabricado em 2003
As linhas 61xx e
70xx demonstram a capacidade de Suwa e Daini de produzirem resultados
equivalentes como a conhecida confiabilidade, traduzida em robustez e
precisão, usando soluções de projeto diferentes.
Porém, mantendo um conceito básico: a simplicidade.
Na
prática, para o usuário, as maiores
diferenças
são o fato do carregamento dos 70xx ser um pouco menos
eficiente, e
também o fato de não serem tão fáceis de
serem ajustados e regulados como os 61xx. Mas também é
necessário
levar em conta os aspectos técnicos
que não fazem diferença direta para o usuário,
como
a praticidade da
construção modular do automático nos 61xx, do
ponto de vista da manutenção.
O resumo
da
comparação é que os
70xx ficam um pouco atrás da linha 61xx nos quesitos
eficiência de carregamento do automático, precisão,
e praticidade na manutenção.
Diagramas
adaptados dos catálogos técnicos.
Fotos dos movimentos por Sergio
Lorenzon.
Fotos dos relógios por Adriano R. Passarelli